Os ratos são inocentes!

Uma ilustração de 1551 mostra um rato preto; a autoria é de Conrad Gesner, naturalista que morreu pela peste bubônica em 1565

Uma pesquisa desenvolvida por cientistas de Oslo, na Noruega, e Ferrara, na Itália descobriu que os surtos de peste negra, ocorridos no Velho Continente nos séculos 14 e 19, podem ser largamente atribuídos a pulgas e piolhos humanos.

Com os dados de mortalidade pelos surtos em nove cidades da Europa, os cientistas fizeram simulações de surtos da doença, criando três modelos, onde a praga foi disseminada por:
  1. ratos
  2. transmissão aérea
  3. pulgas e piolhos que vivem em seres humanos e suas roupas
Em sete das nove cidades estudadas, o "modelo do parasita humano" se mostrou uma explicação muito mais adequada para o surto. O modelo refletiu a rapidez com que a praga se espalhou e o volume de pessoas afetadas.

Segundo Nils Stenseth, da Universidade de Oslo: "A conclusão foi muito clara", diz Stenseth. "O modelo dos piolhos se encaixa melhor." "Seria improvável que (a doença) tivesse se espalhado tão rápido com a transmissão por ratos", acrescenta. "Teria que ter passado por ciclos extras nos roedores, em vez de se espalhar de pessoa para pessoa." 

Pulgas de roedores têm sido historicamente culpadas pela transmissão da peste bubônica.

Com este estudo, seremos capazes de usar os conhecimentos modernos sobre a doença para entender uma das mais devastadoras pandemias da história humana. Pois, entender o máximo possível sobre o que se passa durante uma epidemia é sempre bom para reduzir a mortalidade no futuro.

A praga ainda é endêmica em alguns países da Ásia, África e Américas e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2010 a 2015 houve 3.248 casos da doença registrados em todo o mundo, incluindo 584 óbitos.

A peste negra é difícil de ser identificada nos seus estágios iniciais, porque os sintomas, que normalmente se desenvolvem após sete dias, parecem com os de uma gripe comum - um teste de laboratório pode confirmar o diagnóstico. Antibióticos são efetivos, se há diagnóstico precoce. Se não for tratada, a doença tem um índice de mortalidade de 30% a 60%. 

Peste bubônica afeta os nódulos linfáticos e causa gangrena.
Em 2001, um estudo que decodificou o genoma da peste usou uma bactéria que havia infectado um veterinário nos Estados Unidos. O homem, morto em 1992, tentava resgatar um gato preso sob a estrutura de uma casa quando o animal espirrou, transmitindo a doença.

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